Proletários de todos os Países, uni-vos.

24 março 2011

O fim do Governo Sócrates

Finalmente caiu o Governo de José Sócrates.
O Primeiro-ministro apresentou a demissão a Cavaco Silva após a Assembleia da Republica ter rejeitado o seu PEC-4.
A recusa do seu último plano dito de austeridade era uma certeza antecipada, não obstante as motivações dos partidos serem muito diferentes.
Os discursos dos dois ministros que defenderam a estratégia socrática e o do líder da bancada do PS que a elogiou foram um prólogo de campanha eleitoral inadequado para um debate parlamentar.
De começo a fim, inverteram a realidade. A politica de direita, concebida e executada em beneficio do grande capital, que endividou e arruinou o pais e lançou no desemprego e na miséria milhões de trabalhadores, foi apresentada como a única, incompreendida, que respondia ao «interesse nacional», expressão por eles muito repetida .
Não cabe nesta Nota comentar as intervenções dos deputados do PSD e do CDS que justificaram o chumbo pelos seus partidos do PEC-4. Foram exercícios de retórica parlamentar que ocultaram mal a fome de poder que inspira as suas critica ao PS cuja desastrosa politica coincidiu no fundamental com as suas aspirações e linha ideológica. Dessa oratória, com toques circenses, transpareceu aliás a sua disponibilidade para futuras alianças com o partido de Sócrates.
É útil, entretanto, chamar a atenção para o facto de Sócrates, na declaração feita após se demitir, e Assis, na intervenção final, terem insistido em caracterizar o PS como um partido de esquerda. Segundo o líder parlamentar, é satanizado pela direita por ser progressista e hostilizado pela extrema-esquerda que lhe invejaria as vitórias eleitorais.
Ambos, tal como os ministros das Finanças e da Economia, repetiram muitas vezes que um dos objectivos do PEC -4 era evitar a entrada do FMI e a catástrofe resultante das suas imposições.
É muito descaramento porque, como muito bem salientaram os deputados comunistas, as medidas reaccionárias do PEC-4 respondem a exigências do FMI, impostas a Sócrates pela chanceler Ângela Merckel. Já está instalado no país.
A insistência nessa e noutras grosseiras mentiras parece anunciatoria de um novo figurino de campanha marcado por um discurso de vitimização, orientado para a conquista de parcelas do eleitorado de esquerda. Assis esbanjou elogios a Sócrates que, por sua vez, se apressou a insinuar, triunfalista, que voltará ao poder como vencedor.
O farisaísmo dos dirigentes socialistas coloca a exigência para as forças progressistas de arrancar definitivamente ao PS a máscara de «partido de esquerda», difundida com a cumplicidade dos media.
O governo de Sócrates praticou sempre uma politica de direita. Mais: nenhum outro Primeiro-ministro desde o 25 de Abril golpeou tão fortemente o Serviço Nacional de Saúde e hostilizou tanto os professores.
Tornar transparente que o PS se comporta há muitos anos como um partido de direita é uma exigência da defesa dos ideais de Abril.
Nos próximos dias, o povo português estará em condições de avaliar o quadro institucional resultante da queda do Governo reaccionário de Sócrates.
Desde já se pode, porem, sublinhar que de um novo Parlamento qualquer governo, seja ele do PSD, do PS ou de ambos coligados, com ou sem CDS, não daria resposta às aspirações do nosso povo.
As grandes manifestações de protesto dos últimos meses contra o desgoverno do PS, confirmam que somente a acção das massas, nas ruas, pode abrir a porta a uma mudança de politica.
In: Odiário.info




Sem comentários:

Enviar um comentário