Proletários de todos os Países, uni-vos.

16 novembro 2010

Todos à Greve? Sim! Claro!

O pré-aviso de Greve Geral abrange todos os trabalhadores por conta de outrem: efectivos, a prazo, precários, mal-empregados, do sector público e do sector privado.
Fazer greve? Para quê?
Portugal é o terceiro país europeu onde a distribuição dos rendimentos é mais desigual, a seguir à Letónia e à Bulgária. A única forma de parar esta agressão e regressão nos direitos sociais, serviços públicos e salários é demonstrando que quem trabalha, seja precário ou não, não está disposto a enriquecer ainda mais alguns senhores.
O que está em causa na greve? Politiquice?
Os direitos em causa nas greves são de todos, não apenas dos que se manifestam. A greve não representa um só direito, é também a forma de garantir muitos mais. O que for conseguido, hoje ou amanhã, será sempre de todos para todos.
Não há outra solução? É mesmo preciso austeridade? Até quando?
Sabemos que a austeridade não tem fim à vista. Já vamos a caminho do PEC4. Esta é a nova política para pôr os mais fracos a pagar os erros e as exigências de uma minoria. Mas, mais do que isso, a austeridade é a forma como nos estão a levar os salários, os apoios sociais, os serviços públicos e os direitos. A austeridade é a precariedade acelerada, para toda a gente, enquanto os privilegiados continuam a salvo. Não tem de ser assim.
Precisamos de mais trabalho e menos greves?
Não. Precisamos de demonstrar que nós, desempregados, mal-empregados, precários e trabalhadores no seu conjunto, não aceitamos pagar 90% dos impostos, da austeridade e da crise, enquanto eles, os patrões, a banca e a finança, pagam no conjunto apenas 10% desta factura.
Mas com esta crise e falta de produtividade, fazer greve?
Não nos falta produtividade. Cada vez mais trabalhamos mais horas, para ganharmos menos. Todos nós sabemos isso no final do dia, quando já não sobram horas livres, e no final do mês, quando já não nos sobra dinheiro. Precisamos que o país produza mais, no seu conjunto, e é por isso que o desemprego é tão grave. Quase 11% da população activa está sem emprego, e metade destas pessoas nem tem qualquer apoio do Estado. A solução é distribuir o trabalho por todos e assim garantir rendimentos a todos, em vez de concentrar a exploração nuns e a miséria noutros.
E os mercados financeiros? Produzem alguma coisa para além de crises?
Mas a greve não vai prejudicar tanta gente que quer ir trabalhar naquele dia, deixar os filhos na escola ou tratar de qualquer assunto? Vai. No dia da Greve Geral, qualquer pessoa poderá ter a vida dificultada. Mas esta é a forma mais enérgica de obrigar o poder político a rever posições. Não temos vitórias garantidas. Sabemos apenas que lutamos hoje para termos direitos amanhã ou depois. Quanto mais depressa começarmos a levantar as mãos, melhor. Quanto mais tarde, mais PECs! ´
Mas como é que podes fazer greve, se és precário e andas sempre com a corda na garganta?
A falta é justificada. Se alguns trabalhadores se unirem, numa empresa, num supermercado, numa loja, num escritório, num local de trabalho qualquer, estarão mais protegidos. Quantos mais fizerem greve, menos probabilidade existirá de chantagem ou perseguição no trabalho.
Às vezes é preciso arriscar, apesar da chantagem do desemprego, da insegurança da precariedade, das contas para pagar. O sinal do “não, não queremos mais sacrifícios” será mais estridente se estivermos juntos nisto. Os trabalhadores são a maioria que tem mais força, não há dúvidas.
E os sindicatos no meio disto tudo?
São a melhor hipótese para a defesa dos teus direitos porque significa que não estás isolado. Nas greves, os sindicatos têm um papel fundamental pois são eles que poderão tirar dúvidas e ajudar com apoio jurídico (se necessário) e organizarão os piquetes de greve (que bem ajudam quando a mobilização anda difícil). Esta será a primeira Greve Geral convocada conjuntamente pelas duas centrais sindicais, a CGTP e a UGT.
Achas que a produtividade é um problema dos trabalhadores?
Achas que os patrões pagam bem em Portugal?
Na Alemanha trabalha-se 1430h/ano, menos 315h que em Portugal - são cerca de menos 8 semanas de trabalho por ano.
Fortuna de Américo Amorim 3 mil milhões € :: salário médio numa fábrica de cortiça de Américo Amorim - 600€
Fortuna de Belmiro de Azevedo mil milhões € :: 475€ é o valor do ordenado mínimo nacional
Lucros do BES em 2010 - 405 milhões de euros :: 2,75€/h paga o Callcenter do BES
2 milhões de trabalhadores com vínculos precários :: 900 mil falsos recibos verdes
700 mil desempregados :: 300 mil desempregados sem apoio social

in: precariosinflexiveis.org

Sem comentários:

Enviar um comentário